Quase dois anos depois, sem postar nada neste quadro, eis que ressurjo trazendo grandes novidades! 😊 Mas antes de chegar no ponto alto desta nova experiência, preciso fazer uma breve introdução. Tudo começou em abril de 2023, quando fui convidada por um amigo para assistir um espetáculo chamado: “Urinal”, cuja montagem era de uma escola de teatro musical: A Voz Em Cena, eu já tinha ouvido falar deles, conhecia de nome, mas nunca tinha pesquisado mais a fundo sobre seu trabalho.
Fui assistir com um olhar de apenas me divertir, mas as sensações foram muito mais profundas. Primeiro que não parecia uma simples apresentação de escola, tudo era muito bem feito e profissional, a interpretação, o nível vocal dos alunos, o cenário, a orquestra, era tudo tão alto nível, que na mesma hora me veio o pensamento: “quero estudar com eles!”
Eu sempre gostei de cantar e atuar, mas nunca me imaginei praticando as duas coisas ao mesmo tempo. Além de ter a dança no meio. Parecia uma coisa tão inalcançável e tão distante. Nunca consegui ter aulas de canto com o mesmo professor por muito tempo. Sempre que começava a ficar difícil, eu desistia. Eu amo cantar desde que me conheço por gente, mas quando você se dá conta de que para cantar bem precisa de muito mais coisa que você ainda não tem, o processo se torna muito lento e difícil, então eu sempre desistia. Daí passava um tempo, eu tentava de novo com outro professor e mais uma vez estagnava.
Mas quando vi aqueles alunos brilhando em cena, senti algo dentro de mim que dizia: “se você se esforçar mesmo, também chegará nesse nível”. Quando a peça acabou, já comecei a seguir metade do elenco, e pesquisei mais a fundo sobre a escola, que, aliás, tinha acabado de anunciar qual seria a próxima montagem: “Sweeney Todd”.
É vergonhoso o que vou dizer, mas até a data da minha inscrição, eu sequer tinha assistido a esse filme antes. No entanto, pude descobrir que é o queridinho para quem é do meio, então acho que comecei muito bem. Como a sinopse mencionava algo sobre terror, “O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet”, interpretei como uma mensagem do universo de que era para eu participar, já que sou fissurada nesse gênero.
Me matriculei e enfim começaram as aulas!
Durante uma semana inteira ensaiei em casa a música da Anastasia, para levar numa aula em que o professor queria ver o nosso repertório. Uma galera muito boa. É muito desafiador começar algo novo e não ficar se comparando. Mas como dizia o nosso mentor, sempre procurando nos deixar a vontade diante das dificuldades: “Cada pessoa tem o seu processo, alguns estão mais avançados, mas todos no caminho.”
Comecei a ter aulas de canto em coro, que experiência mais gostosa! E todas as músicas do espetáculo me agradavam. Muitos exercícios de atuação, poucos que eu já conhecia e muitos outros novos. Estava gostando demais de tudo que eu estava vivendo, ainda que me deparasse com diversos desafios.
Enfim avançamos para a definição dos personagens!
Eu achava que os professores definiriam pelo que eles viam dos alunos em aula, mas o processo de seleção foi muito mais meritrocrata. Elaboraram um sistema de audição, em que cada aluno teria a tarefa de apresentar cenas de interpretação e canto, do tal personagem que quisesse o papel. Teve audição de dança também.
Coincidentemente, essas semanas de audição caíram justamente quando eu tinha viagem marcada para Paris. Precisei faltar nas aulas e acabei não audicionando para nenhum papel. O que, honestamente, não achei nem um pouco ruim, pois, eu estava tão crua, que não me sentia confiante, nem confortável, para tentar qualquer personagem. Sra. Lovett, Johanna e a Mendiga, eram as únicas possibilidades de personagens femininas e, musicalmente falando, não me vi a altura de nenhuma delas. Então, graças a minha viagem, fui poupada de virar piada nos bastidores, pois, com certeza, a minha audição seria uma catástrofe, rs.
Quando foi revelado a definição dos atores para cada personagem, pude acompanhar meus colegas ficando felizes e outros tristes, conforme tinham conquistado ou se frustrado com que o almejaram. Foi um processo essencial para que sentíssemos como se já estivéssemos lidando com o mercado de trabalho mesmo.
Como é um espetáculo com poucos personagens e muitas pessoas no elenco, a escola criou um sistema de rodízio (chamado de dobra), em que de dois a três atores interpretariam o mesmo personagem, uma estratégia muito boa e eficiente que permitia mais de um aluno alcançar o seu objetivo, e quando o mesmo não estivesse na sua vez, faria coro.
Falando em coro, essa é a minha personagem! Susan (nome criado por mim), uma meretriz (definida assim pelas marcações). As pessoas sempre dizem que coro é tão importante e cheio de aprendizado quanto um personagem definido, e posso dizer que é a mais pura verdade. Tem sido um grande desafio desde o começo, quantas e quantas vezes não voltei dos ensaios me sentindo insuficiente até para fazer aquilo?
“Não existem papéis pequenos e sim atores medíocres”
Já ouvi essa frase também, sempre me lembrando de que não importa quanto tempo você fique em cena, pode ser um minuto ou uma hora, mas se você o fizer bem feito, independente da duração, não tenha dúvidas de que será notado. Foi me dado algumas atribuições, curtas e rápidas, em cena, e me agarrei a elas com o pensamento de que eu buscaria dar o meu melhor em todas.
Será que vou arrasar? Bom, espero que sim. Vamos estrear mês que vem e serão 6 sessões. Já me apresentei em peças de teatro antes, mas nunca num musical, e nada assim tão grande. Então sim, estou nervosissíma! Dez dias após o meu aniversário será o grande dia e você que está lendo isso está mega convidado(a)! Onde? Teatro Gamaro, de 19 a 22 de abril, ingressos pelo Sympla. Te aguardo na primeira fila! ❤️